Família de Serranópolis do Iguaçu luta para reaver macaco de estimação retirado pelo IBAMA
Após 35 anos de convivência, animal silvestre é retirado de lar onde foi criado como membro da família. Situação comove comunidade e reacende debate sobre limites da legislação ambiental.

Uma família do interior de Serranópolis do Iguaçu vive dias de angústia e comoção após a retirada, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), de um macaco criado como parte do núcleo familiar há mais de três décadas. O animal, conhecido como Tiba, foi acolhido ainda filhote e, desde então, conviveu com humanos como um verdadeiro membro da família.
A representante legal da família, Gabriela Ben, divulgou uma nota emocionada à imprensa. Segundo ela, "durante 35 anos, uma família foi o lar de um animal silvestre que, por razões desconhecidas do grande público, jamais retornou à natureza. Eles não o compraram, não o caçaram, não o exploraram, apenas o acolheram".
Segundo o relato, o vínculo afetivo construído ao longo dos anos transformou o que era para ser um abrigo temporário em um lar definitivo. Tiba foi criado como um filho e sua presença moldou a rotina e as relações afetivas dentro da casa. No entanto, recentemente, o IBAMA interveio, alegando cumprimento das normas ambientais que proíbem a posse de animais silvestres sem autorização.
Embora a ação do órgão esteja respaldada por legislação vigente, a família contesta a falta de sensibilidade e análise caso a caso. "A decisão condenou o animal a um destino cruel: ele não sobreviverá à separação", afirma a nota. Gabriela alerta que Tiba, agora idoso e fragilizado, não tem mais condições físicas nem emocionais para ser reintegrado à vida em centros de triagem ou criadouros. "Sua saúde já dá sinais de colapso. O estresse da remoção, a perda do vínculo afetivo e a mudança abrupta de ambiente o levarão, muito provavelmente, à morte, lenta, silenciosa e invisível para o público."
A situação também teve impacto direto na saúde emocional da família. Segundo a nota, Dona Joice, uma das moradoras da casa, está acamada. Sandro, outro membro da família, apresenta quadro de adoecimento emocional severo. "Hoje essa família chora, não apenas pela perda iminente de um companheiro de tantos anos, mas pela dor de saber que, ao agir dentro da legalidade, o Estado causou o oposto da preservação: causou crueldade", afirma Gabriela.
O caso levanta questionamentos sobre como aplicar a legislação ambiental sem ignorar o contexto específico de cada situação. "As leis ambientais são fundamentais e devem ser respeitadas. Mas a letra da lei ignora a realidade da vida, ela perde sua humanidade. Um animal silvestre não é um objeto que pode ser retirado e realocado sem consequências. Ele sente, sofre, adoece, assim como nós."
A família agora pede apoio público para tentar reverter a decisão. "Nos ajude a recuperar o Tiba", clama Gabriela. O caso vem gerando repercussão local, com moradores relatando também terem crescido ao lado do animal. "Eu mesma, de menininha, vi e cresci com Tiba", diz.
O IBAMA ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso específico.
Nota da família na íntegra:
Durante 35 anos, uma família foi o lar de um animal silvestre que, por razões desconhecidas do grande público, jamais retornou à natureza. Eles não o compraram, não o caçaram, não o exploraram, apenas o acolheram.
Com o tempo, aquele animal tornou-se parte da rotina, do afeto e da história daquele lar. Era um lar temporário, sim, mas com o passar das décadas, tornou-se o único lar que ele conheceu.
Ele foi criado como filho.
Mas recentemente, o IBAMA decidiu retirá-lo da família. Seguindo protocolos legais, o órgão de fiscalização agiu com base em normas ambientais que, em tese, existem para proteger a fauna.
O problema é que, nesse caso, a decisão condenou o animal a um destino cruel: ele não sobreviverá à separação.
Com mais de 3 décadas de convivência com humanos, já idoso e adaptado, o animal não tem mais condições físicas ou emocionais de se reintegrar a centros de triagem ou criadouros. Sua saúde já dá sinais de colapso. O estresse da remoção, a perda do vínculo afetivo e a mudança abrupta de ambiente o levarão, muito provavelmente, à morte, lenta, silenciosa e invisível para o público.
A pergunta que fica é: quem estamos realmente protegendo?
As leis ambientais são fundamentais e devem ser respeitadas. Mas a letra da lei ignora a realidade da vida, ela perde sua humanidade. Um animal silvestre não é um objeto que pode ser retirado e realocado sem consequências.
Ele sente, sofre, adoece, assim como nós.
Hoje essa família chora, não apenas pela perda iminente de um companheiro de tantos anos, mas pela dor de saber que, ao agir dentro da legalidade, o Estado causou o oposto da preservação: causou crueldade.
Dona Joice já se encontra acamada.
Sandro, adoecido.
E do Tiba? Ninguém sabe dizer.
Eu mesma, de menininha, vi e cresci com Tiba.
Essa decisão unilateral do Ibama atinge com maldade a família e o macaco.
Nos ajude a recuperar o Tiba!
Gabriela Ben - Representante legal da família
Redação: Guia Medianeira
COMENTÁRIOS